Editorial
À terceira e com três será de vez?
Será desta que se vai entregar as chaves dos aviões da TAP a privados? Não é certo que seja.
Há mais de 15 anos foi dado o pontapé de partida para a privatização da TAP, num processo com muita turbulência, com altos e baixos, e que ainda está longe de chegar ao fim. Na altura João Cravinho tentou alienar 49% da empresa à Swissair, mas os suíços acabariam por entrar num processo de ruptura financeira e a venda foi abortada. Em 2012, depois de assumir o compromisso com a troika, e já com o actual Governo, há uma nova tentativa de privatizar a empresa, mas Germán Efromovich foi o único a dizer presente. O brasileiro/colombiano ofereceu 35 milhões pela empresa, e comprometeu-se a injectar 166 milhões no imediato e outros 150 milhões num prazo de 18 meses, tendo igualmente assumido o compromisso de ficar com a dívida de 1034 milhões. O negócio acabou por não se concretizar supostamente porque Efromovich não apresentou a garantia bancária devida.
Agora, à terceira tentativa poderá ser de vez, já que a concurso apresentaram-se três candidatos: além do habitué Germán Efromovich, também o americano David Neeleman e o empresário português Miguel Pais do Amaral. A probabilidade desta vez de o negócio não avançar é mais reduzida, já que há por onde escolher, embora ainda não se conheça o mérito e a bondade de cada uma das propostas.
Os três candidatos têm um currículo de sucesso empresarial e uma carteira de negócios onde assenta bem uma empresa com o perfil da TAP. Mas também têm fragilidades. Efromovich ficou com a imagem beliscada depois da falsa partida em 2012. Como é possível não apresentar uma garantia de 25 milhões num negócio que envolve muitos mais milhões de euros? Neeleman não tem passaporte comunitário e terá de se socorrer de um parceiro nacional para tentar contornar a limitação de Bruxelas que impede não-europeus de controlar companhias aéreas da região. E Pais do Amaral não se lhe conhece nenhuma experiência na aviação, devendo colmatar tal lacuna também com uma parceria com alguém que conhece o sector.
Um deles deverá chegar ao final deste mês com um acordo fechado com o Governo, mas o comprador só entrega o cheque ao Governo e só receberá as chaves da TAP depois de ter todas as autorizações legais, o que significa que a operação só deverá ficar formalmente concluída depois das eleições. E aqui coloca-se um outro grande ponto de interrogação neste processo de privatização. Se António Costa ganhar as eleições vai abortar a venda da companhia, como já deu a entender? O secretário-geral do PS já se mostrou contra a venda d mais de metade do capital e a resolução do conselho de ministros que aprovou o caderno de encargos dá margem ao próximo governo para, invocando o interesse público, cancelar a operação. Seria inédito, mas é mais uma incógnita com que a TAP terá de viver nos próximos meses.
Comentários:
No respeitante ás perguntas supra «« Á terceira e com três será de vez?.. e .. Se António Costa ganhar as eleições vai abortar a venda da companhia(TAP), como já deu a entender?...confesso que me parece... no caso da 1ª o bom senso diria que a resposta fosse o " sim ", mas, atendendo a que, no caso da 2ª com ou sem bom senso diria que a resposta me parece ser o " sim ", donde, infelizmente, poderemos estar perante um sério dilema...se por um lado a privatização, já por si, ser lamentável (e a curiosidade assenta como uma luva nos verdadeiros culpados de a nossa transportadora de bandeira ter chegado ao que chegou hoje, pois são, essencialmente os que agora mais a contestam) do que já tenho muito poucas dúvidas é que ela é de facto o " mal menor ". Caberá a nós todos encontrar as respostas!!!
JOÃO ALEXANDRE-ABRANTES
Aposentado , Abrantes