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http://www.publico.pt/politica/noticia/estado-contrata-contabilista-da-tecnoforma-para-gerir-creditos-do-bpn-1695341

Estado contrata contabilista da Tecnoforma para gerir créditos do BPN

Francisco Banha era o responsável pelas finanças da Tecnoforma quando Passos Coelho e Francisco Nogueira Leite geriram aquela empresa. O último é agora o presidente da Parvalorem, e contratou os serviços de Banha para a empresa que concentra o crédito malparado do antigo BPN.

Parvalorem gere directamente dois mil milhões de euros de dívidas deixadas ao BPN por alguns clientes

Francisco Banha diz que tem uma missão: fazer a “evangelização do empreendedorismo”. Pedro Passos Coelho recordou-o, numa entrevista ao PÚBLICO, em 2012, como alguém “com muita experiência nas relações com o Estado”. Foi por isso, aliás, que foi contratado, por sugestão do seu amigo, e parceiro na gestão da Tecnoforma, Francisco Nogueira Leite, para fazer “em outsourcing” a “gestão financeira da empresa”. Isto foi em 2006 e 2007. Hoje, Pedro Passos Coelho é primeiro-ministro, Francisco Nogueira Leite foi nomeado pela ministra das Finanças para chefiar a parte do BPN que ficou sob alçada do Estado (a parte má, das dívidas de cobrança difícil). E Francisco Banha, através da sua empresa de contabilidade e consultoria, voltou a ser contratado, sem concurso.

A Parvalorem, que gere directamente dois mil milhões de euros (e indirectamente outro tanto) de dívidas deixadas ao BPN por alguns clientes – créditos de difícil cobrança, que não transitaram para o actual Banco BIC – contratou, em regime de “avença experimental”, a Gesbanha para prestar serviços à direcção de apoio à gestão e reporting. Neste momento, dois funcionários daquela consultora trabalham na sede da Parvalorem. Isto enquanto se processa um despedimento colectivo de 49 dos 226 funcionários da Parvalorem.

Francisco Nogueira Leite garante ao PÚBLICO que as duas situações não têm qualquer ligação. O despedimento colectivo, diz o gestor, visa corrigir “situações insustentáveis”, como a da presença nos quadros da Parvalorem do filho de Oliveira Costa, e abrangeu “pessoas sem funções atribuídas” e “quadros dirigentes e directores”. A Gesbanha foi contratada para “lidar com questões muito específicas” que não podiam ser resolvidas, segundo Nogueira Leite, por nenhum funcionário da casa. A avença, acrecenta, é pequena: “Dois mil e quinhentos euros por mês”. E, reforça, “experimental”, por períodos de dois meses, renováveis.

A comissão de trabalhadores contesta esta versão de Nogueira Leite sobre os despedimentos, até porque estão nessa lista “dois membros da Comissão de Trabalhadores, um delegado sindical, uma colega em licença de maternidade, uma grávida e uma colega que estava de baixa por gravidez de risco e que foi mãe esta semana”. O gestor acredita que a situação será resolvida, na maioria dos casos, “por acordo”. Enquanto isso, o PS pediu explicações, no Parlamento, sobre os despedimentos.

Entre as empresas a quem Francisco Banha prestou “consultoria” contam-se outras duas em que Nogueira Leite foi administrador: a Ecosaúde e a Fernave. O que Nogueira Leite “não sabia”, quando contratou Francisco Banha para a Parvalorem, é que existe uma estreita ligação deste com um dos mais conhecidos devedores do BPN. Arlindo de Carvalho, que foi ministro do PSD e um dos seus sócios, José António Neto, no Grupo Pousa Flores, têm um dívida de 65 milhões à Parvalorem. São ambos “membros de referência” de um clube fundado e dinamizado por Francisco Banha, o dos “business angels” – investidores em novas empresas que precisam de capital.

João Luís Gonçalves, que foi secretário-geral da JSD na época em que Passos presidiu àquela juventude partidária, e era um dos sócios da Tecnoforma, é o secretário da assembleia-geral do clube. Foi Gonçalves, recorde-se, quem apresentou Passos a Sérgio Porfírio, ainda hoje sócio da Tecnoforma, quando o actual primeiro-ministro ainda era deputado, nos anos 90. Data dessa altura a criação da ONG Centro Português para a Cooperação. Mais tarde, e até Maio de 2007, Passos e Nogueira Leite receberam uma procuração dos donos da Tecnoforma para “gerir a empresa”. “Gerimos os dois a empresa durante esse período”, confirmou Passos Coelho ao PÚBLICO, em Setembro de 2012. Sérgio Porfírio também pertence ao clube dos “business angels” criado por Francisco Banha. É outro dos “membros de referência”.

No blogue de Francisco Banha, a Tecnoforma aparece não só como um dos principais clientes, mas também com diversas citações de “interessantes artigos de opinião” da sua newsletter, a “Tecnoforma news”, que infelizmente já não estão disponíveis online. Há também dois processos judiciais em curso, porque a Gesbanha reclama valores em dívida da Tecnoforma. Um ex-director-geral da empresa de formação declarou ao PÚBLICO que o contrato com a Gesbanha custava “uma fortuna”. E o próprio Passos Coelho deixou escrito, juntamente com Nogueira Leite, num memorando de 11 de Abril de 2007 dirigido aos accionistas da Tecnoforma, que uma das suas prioridades da gestão de ambos tinha sido a “renegociação e redução de preços dos serviços da Gesbanha”.

Mas quando Passos e Nogueira Leite deixaram a Tecnoforma, em 2007, a relação não acabou. O dono da Gesbanha (e da Gesentrepreneur, da Geslearning, da Gesventure, da Gesevolution e de outras empresas) chegou a ser presença assídua na sede da Fomentinveste, a holding que empregou Pedro Passos Coelho simultaneamente e depois da Tecnoforma, desde 2004 e até pouco antes de se candidatar a primeiro-ministro. No 10.º piso da Torre 3 da Rua Tierno Galvan, nas Amoreiras, em Lisboa, coexistiram, até 2011, a sede do grupo liderado por Ângelo Correia, e no qual Passos foi administrador de várias empresas, e a Associação Portuguesa de Capital de Risco e de Desenvolvimento, de que Francisco Banha é um dos principais dinamizadores e actual presidente do conselho fiscal. O Banco Efisa, de que era administrador o filho de José Oliveira e Costa, José Augusto Oliveira e Costa, era um dos 21 associados da associação. O presidente da direcção é Paulo Caetano, ex-colega do primeiro-ministro na administração da Fomentinveste.

Caetano foi administrador da Ecoprogresso, outro dos clientes de Francisco Banha, enquanto Passos era administrador da Ecoambiente. Ambas as empresas faziam parte da Fomentinveste. Passos recorda-se de ter recebido propostas de Banha, para trabalhar com a holding, mas não aceitou "porque era demasiado caro".

Caetano, tal como Nogueira Leite, também foi nomeado pelo actual Governo para uma empresa pública: é administrador-delegado da ADP Energias, do grupo Águas de Portugal. Também é “membro de referência” do clube criado por Francisco Banha.

A proximidade com os devedores do BPN pode representar um conflito de interesses? Nogueira Leite remete a questão para Francisco Banha. “Se houver é do lado da Gesbanha.” 

Francisco Banha garante que a sua empresa "é muito rigorosa a analisar os seus potenciais conflitos de interesses e neste caso particular, como é evidente, não deixou de fazer esse exercício". Até porque, prossegue o responsável da Gesbanha, os serviços que está a prestar nas empresas que resultaram da nacionalização do BPN, Parvalorem, Parups e Parparticipadas, não permitem "em circunstância alguma" o contacto com informação sobre os devedores do BPN. Além disso, acrescenta, "a atividade de Business Angels não se compadece com comportamentos eticamente reprováveis por parte de quem a desenvolve e, tendo por base esta importante premissa, jamais permitiria o meu envolvimento, ou das empresas onde assumo responsabilidades (na qualidade de accionista e como Presidente do Conselho de Administração), em práticas que, de algum modo, pudessem pôr em causa a minha conduta ética, profissional ou social". com José António Cerejo

Comentários:

 

JOÃO ALEXANDRE-ABRANTES

Aposentado , Abrantes

Cruzam-se aqui dois casos "Tecnoforma / BPN". Se bem percebo a ideia é manter á tona, agora mais que nunca, pois vamos em aceleração a caminho de eleições legislativas, certas ligações de PPC. Ora quiçá fosse conveniente a quem se debruça periodicamente sobre a passagem de PPC pela Tecnoforma a propósito de umas tais ditas(?) ambiguidades, ir ouvir alguém que na mesma altura também ali trabalhou, pois muita coisa poderá vir a ser aclarada de vez, essa pessoa, se não me engano, poderá ser o socialista Marcos Perestrelo. Já sobre o BPN, desde o dia 2 de Novembro de 2008, são mais de meia dúzia de anos, não contando com o tempo anterior aquela data em que BPN andaria em "banho maria!", não me parece que PPC possa ter algo a ver, mas há pelo menos 2 pessoas que muito devem saber(os PM e MF da altura)!!!!

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publicado às 00:23


3 comentários

De MassamaMan a 21.05.2015 às 13:07

Quando aparecem as notícias do passado vergonhoso de PPC, também aparecem os homens esponja a tentar limpar a imagem do pequeno escroque.
A história é clara, acaba-se com as gorduras do Estado, contratando os amigos Banhas que ficamos a saber andarem pendurados na mama do Estado à décadas pela mãos dos amigos...

De Anónimo a 25.05.2015 às 21:49

Parvalorem. queres saber a realidade da situação? liga-te ao facebook https://www.facebook.com/pages/peti%c3%a7%c3%a3o-parvalorem/1631309307084536?fref=ts

De Andre a 11.07.2015 às 14:32

Até agora se alguém desviava eram os antigos Bpn. De. futuro. Depende de quem for posto na rua .Consta que vão sair directores que já poderão ir viver felizes os seus últimos anos para a República Dominicana......


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