Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]




GOSTARIA DE TER ESCRITO ISTO....

por O Fiscal, em 16.09.14

http://www.publico.pt/portugal/noticia/ricardo-salgado-e-um-doce-1669731

 

Opinião

Ricardo Salgado é um doce

A reportagem da RTP foi uma inacreditável lavagem de Salgado. Entrou na máquina um banqueiro com fama pública de trafulha e de burlão e, após 30 minutos de ensaboadela, saiu um banqueiro azarado, tramado pela família e pelo Banco de Portugal.

No sábado a RTP emitiu uma reportagem de Jorge Almeida intitulada Ricardo Salgado, o ex-Dono Disto Tudo. Eu não conheço o jornalista Jorge Almeida nem quem lhe propôs o trabalho ou arranjou os entrevistados. Não sei se ele é bom, se ele é mau ou se é assim-assim. Mas isto eu sei: a sua reportagem foi uma inacreditável lavagem de Salgado. Entrou na máquina um banqueiro com fama pública de trafulha e de burlão e, após 30 minutos de ensaboadela, saiu um banqueiro azarado, tramado pela família e pelo Banco de Portugal.

A questão não está no anódino texto em off – está nos frisantes depoimentos. Valia a pena alguém fazer uma reportagem sobre a reportagem, para percebermos como é que os convidados foram ali parar e as ligações que cada um tem a Salgado e ao BES. A primeira frase sai da boca de Mário Soares: “Muitas pessoas em Portugal já perceberam que foi uma grande asneira ter arranjado este sarilho todo.” Reparem na expressão “arranjado este sarilho”: não foi Salgado que desvairou, foi o Governo que o ensarilhou. Mais à frente, Soares esclarece: “Eu estou convencido que ele não disse a última palavra. E quando o disser, as coisas vão ficar de outra maneira.”

O jornalista Jorge Almeida também deve acreditar nisso, já que a reportagem termina assim: “Ricardo Salgado tem pela frente a maior batalha da sua vida: limpar o nome da sua família e provar, no banco dos réus, a sua inocência.” E para isso, nada como uma reportagem composta pelo depoimento de 12 personalidades, que até dá para exibir como prova de defesa. Com excepção das jornalistas Maria João Babo e Maria João Gago, autoras do livro O Último Banqueiro, que mantêm uma certa distância em relação a Salgado, todos os outros entrevistados ou o defendem ou estão incrédulos. Jorge Almeida não conseguiu encontrar uma alminha – uma só – que se sinta enganada, roubada, injustiçada e que resolva dizer cobras e lagartos de Ricardo Salgado. O jornalista só encontrou amigos.

que amigos: Mário Soares, Miguel Veiga (que define Salgado como “um homem com mão de ferro em luva de veludo” e classifica a acusação de ilegalidades de Carlos Costa como “tendenciosa, prematura e injustificada”), Murteira Nabo, Carlos Monjardino, os “incrédulos” funcionários José António Antunes e Carlos Silva (“as pessoas ficaram com um género de orfandade”, diz o secretário-geral da UGT), Michael de Mello (que chama “pessoa muito impulsiva” a José Maria Ricciardi, acusando-o de levar a discussão da sucessão da família para a rua), Eduardo Catroga (“acho exagerada a imputação de responsabilidades a nível de grupo apenas ao doutor Ricardo Salgado”), e ainda dois veteranos da banca espanhola, Jaime Carvalhal e Emilio Ybarra, a declararem em uníssono a sua “grande surpresa” e a lamentarem a “tragédia”, “não só para família e accionistas, mas também para Portugal e para a economia portuguesa”. Nem sequer falta uma cotovelada ao Crédit Agricole, através de uma publicidade do próprio banco francês: “A crise actual não vem dos bancos, vem dos Estados.”

O programa da RTP onde a reportagem passou chama-se Linha da Frente, mas a mim pareceu-me mais a linha de retaguarda de Salgado a funcionar a todo o vapor. Preparemo-nos, que o spin já aí está: o governo e a guerra familiar foram os responsáveis pela queda do BES, tivesse o mundo mantido a confiança em Salgado e o banco estaria rijo que nem um pêro, e blá, blá, blá. Lógica, a coisa tem pouca. Só que a falta de vergonha distribui lucros muito elevados.

Comentários:

JOÃO ALEXANDRE-ABRANTES

Aposentado , Abrantes

Por falar em " doces "...por mim, posso dizer que gosto muito de «« DOCES »», mas... dos bem adocicados...e nada mesmo dos " amargosos "...e então dos que sabem a " salgadinhos "nem vê-los...vem isto a propósito, aqui da opinião de João Miguel Tavares, que, subscrevo, embora deva acrescentar...talvez o programa da RTP " Linha da Frente " emitido no sábado - 13/9 tenha duas partes e naquele dia tenha sido emitida só a primeira parte, pois custa-me a acreditar que, o canal de serviço público de TV, possa ter actuado de modo tão parcimonioso, na abordagem, na actualidade, de uma figura como o sr. Ricardo Salgado...ver ali certas pessoas "armadas!" em testemunhas de defesa não é para mim surpresa(vg constatar o tal dito de MS "arranjado este sarilho", percebe-se bem onde ele quer chegar)..!!!!

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 17:20


Mais sobre mim

foto do autor


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

calendário

Setembro 2014

D S T Q Q S S
123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
282930



Arquivo

  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2021
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2020
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2019
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2018
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2017
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2016
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2015
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2014
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2013
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D